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domingo, dezembro 25, 2005



Fantasias de Natal


Que sabem os outros de cada um de nós?


Ninguém sabe que és linda e que eu te desejo. Desejo-te como namoro um quadro de Dali, reproduzido num livro colorido, desejo-te como seduzo o Boris Vian quando releio a Espuma dos Dias em tradução duvidável, desejo-te como quando escrevo cartas, que nunca mandarei, para o José Saramago, dizendo-lhe como me apaixonei pelas suas mãos brancas e pequenas e me apaixonei por todas as mulheres que ele inventou e que são sempre eu.

És linda e eu desejo-te. Mas não sei amar uma mulher como aprendi a amar os homens. Não conheço o teu corpo.
Conheço o meu e imagino que és o meu espelho.
Possuis a ternura das coxas macias, redondas e doces, em lençóis perfumados.
Acaricias as mamas cheias e quentes nos dias de tesão e de lua cheia.
Afagas o rosto, os lábios, os olhos com gestos suaves ao espelho onde nos vês.
Tocas a melodia certa, quando te masturbas, como pianista virtuosa.

És linda e eu desejo-te.
Porque és a outra metade de mim. Como se tu e eu fossemos Sereias. Mulheres, metades, incompletas, plenas, peregrinas do prazer.

Não sei amar uma mulher como aprendi a amar os homens.
Mas és linda, e eu desejo-te.