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terça-feira, novembro 08, 2005



no corredor de verdes pinhos


Gosto do cheiro da tua casa. Cheira a pinheiro novo e sabe a memórias antigas.

A tua casa cheira a ti. Cheira a desejo anunciado. Gosto de passear por ela, deixando a minha voz nas paredes, e o meu riso nas janelas rasgadas, enquanto vou espalhando as minhas peças de roupa pelo chão, uma a uma. Gosto de colocar a última peça que tiro em cima da tua cómoda. Gosto de saber que mais tarde te lembrarás da forma como coloquei as minhas cuecas de renda preta ao pé do teu relógio.

Tempo e sexo. Juntos.

Amanhã, quando eu não estiver na tua casa, lembrar-te-ás como nos despimos e abandonámos o tempo.

Gosto do cheiro da tua casa. Tanto como tu gostas do aroma do meu prazer.
Gosto que me abras a tua cama metodicamente. Tanto como tu gostas que eu grite de prazer quando me saboreias o sexo demoradamente.
Gosto que me abras as coxas e esperes gulosamente que eu me venha as vezes que me apetecer. Tanto como eu gosto de ser a tua puta em dias sem relógios.

Gosto do cheiro da tua casa. Tanto como tu gostas de gozar dentro do meu corpo.

Um dia destes cozinho para ti. Na tua casa. Para que a minha sombra se cole ao chão, para que o meu cheiro se misture no teu e para que possamos foder em cima da mesa da cozinha.


Mais tarde, já não serei a tua puta. Mas essa é outra estória.